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quinta-feira, 2 de junho de 2011

1º FICHAMENTO


Ancestralidade Genômica, nível socioeconômico e vulnerabilidade ao HIV/aids na Bahia,

Kiyoko Abe-Sandes et. Al

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902010000600008&lng=pt&nrm=iso

“O curso clínico da infecção pelo HIV é determinado por complexas interações entre características virais e o hospedeiro.”

“A população brasileira, após 500 anos de miscigenação entre ameríndios, africanos e europeus, tornou-se uma das populações mais heterogêneas do mundo. Até 1500, ano do descobrimento do Brasil, viviam neste país aproximadamente 2,4 milhões de ameríndios, agregando-se a esse número, após essa data, europeus, africanos e asiáticos (IBGE, 2000).”

“No estado da Bahia e em sua capital, Salvador, cerca de 80% da população é composta de afrodescendentes (IBGE, 2000).”

“Embora nenhuma doença genética seja restrita a determinado grupo populacional, existem evidências de diferenças na frequência de certas doenças em relação à raça e às diferenças genotípicas. As doenças mendelianas clássicas cuja mutação apresenta frequência menor que 2% são quase sempre raça-específicas.”

“Os primeiros casos de aids no Brasil foram oficialmente notificados em 1982 em São Paulo e no Rio de Janeiro. Inicialmente a aids se concentrava entre homens que faziam sexo com homens (Dourado e col., 2006). Em seguida, a aids disseminou-se entre usuários de drogas injetáveis e receptores de transfusão de sangue e/ou de hemoderivados. Atualmente, 60% dos casos notificados estão associados à transmissão sexual e aproximadamente 42,9% decorrem de interações sexuais desprotegidas (Dourado e col., 2006).”

“Foram analisados 517 indivíduos infectados pelo HIV-1 e 1.200 soronegativos. Os infectados pelo HIV-1 eram provenientes de diversas regiões da Bahia e acompanhados no Laboratório de Retrovírus do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).”

“Os indivíduos infectados pelo HIV-1 foram classificados em três grupos, tendo sido a classificação baseada no intervalo entre o diagnóstico e o início do tratamento com antirretroviral (Hendel e col., 1998; Mazzucchelli e col., 2001; Magierowska e col., 1999), nos níveis de carga viral plasmática, no número de células T/CD4+ e na ocorrência de infecções oportunistas em: 1) Lento Progressor (LP) - CD4+ > 500 cels./mm3 e infecção sem uso de terapia antirretroviral > 8 anos; 2) Típico Progressor (TP) - 500 < CD4+ > 200 cels,/mm3; 3) Rápido Progressor (RP) - CD4 < 200 cels./mm3 em até 3 anos de infecção ou óbito em até 5 anos após a infecção.”

Marcadores de susceptibilidade ao HIV/aids - as mutações CCR5Δ32 e a CCR264I foram genotipadas utilizando-se as técnicas de PCR e PCR seguido de RFLP, respectivamente, com condições descritas na literatura (Smith e col., 1997).”

“Com o objetivo de analisar a ancestralidade genômi-ca dos indivíduos infectados pelo HIV-1 na Bahia foram genotipados 10 AIMs. As frequências desses mar-cadores foram comparadas a uma amostra representativa da população de Salvador não infectada pelo HIV-1 (Machado, 2008) e às frequências descritas na literatura para as populações ancestrais (africana, europeia e ameríndia).”

“Neste trabalho, utilizando ferramentas de biologia molecular (marcadores informativos de ancestralidade - AIMs), conclui-se que a população baiana é extremamente miscigenada com predominância de ancestralidade africana (47,3%), seguida da europeia (36,4%) e ameríndia (16,3%).”

“A análise de renda familiar mostrou predominância de indivíduos com renda até três salários mínimos (75%), que também apresentaram maior ancestralidade africana. Observou-se relação inversa entre ancestralidade africana e renda, pois à medida que a ancestralidade africana aumenta a renda familiar diminui.”

“A análise das mutações de susceptibilidade a infecção e progressão ao HIV/aids, CCR5Δ32 e CCR264I nas categorias clínicas mostrou que ambas as mutações são mais frequentes nos TP quando comparados com os RP, sugerindo influência dessas mutações na progressão para aids.”


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